espiral do saber

 

Localizado no bairro da Vila Leopoldina, cidade de São Paulo, o projeto buscou discutir quatro questões: em uma escala maior, a relação com a cidade e a diminuição dos espaços residuais; numa escala menor, as relações entre os ambientes fechados e abertos e do corpo com o espaço.

 

Relação com a cidade

 

O lote está localizado em uma via coletora, entre uma região comercial e outra tombada, de ocupação residencial.

 

Na porção frontal do lote, a pedido dos proprietários, deveria ser criado um porte-cochère para receber as crianças logo à frente do portão principal, em área abrigada, evitando a criação de filas duplas de carros na rua para o embarque e desembarque, além de um gradil que limitasse o acesso dos pedestres, para segurança interna. Para diluir os limites entre público e privado, foi proposto um “muro-portão basculante” que se abriria completamente durante o dia e assentos fixados na mureta do jardim frontal, voltados diretamente para a calçada, para servirem de descanso para os pedestres sem a necessidade de adentrar o lote. Durante as noites e os dias em que a escola não funcionasse, os portões ficariam fechados, protegendo o perímetro.

 

Diminuição dos espaços residuais

 

Levando em consideração a geometria do lote, optou-se pela construção de dois blocos baixos, de plantas retangulares, de mesma área. A altura dos blocos permitiu a ocupação de lateral-a-lateral, sem recuos, contribuindo para o não surgimento de espaços residuais. Os blocos foram afastados 13 metros um do outro, gerando três espaços livres: um à frente, para a criação dos acessos e das áreas de mediação com a cidade; no centro, onde se localizam os jardins maiores; nos fundos, para a criação de um jardim menor, junto ao refeitório.

 

Relação entre corpo e espaço

 

Para dar mais autonomia as crianças, acompanhando o crescimento e favorecendo a independência dos deslocamentos, o sistema de circulação vertical se desenvolve, prioritariamente, por rampas. Para possibilitar a criação de circulações verticais acessíveis, aproveitou-se o ligeiro declive do lote para gerar o deslocamento de meio nível em relação aos pisos dos blocos frontal e posterior. Essa solução permitiu a criação de meias-rampas de 7,8% de inclinação, que liga, em cada seção, um piso de cada bloco.

 

Outra questão foi a centralização das rampas no conjunto e a permeabilidade de seus fechamentos. Ao subir, as crianças enxergam os pátios centrais. Como os fechamentos laterais em tela permitem ampla ventilação e insolação, o deslocamento entre os andares gera a sensação de se estar “fora” da escola, tornando a rampa quase que uma continuação dos espaços abertos.

 

Ambientes fechados e abertos

 

Complementando o sistema de deslocamento, foram criados um conjunto de espaços livres que se somam as áreas de circulação, diminuindo a sensação de confinamento e ampliando a relação com o meio externo. No nível inferior há um pátio coberto (refeitório) ligado diretamente à rampa. Esse pátio inferior se soma ao jardim menor, ampliando o espaço livre. No térreo, há um pátio coberto que fica entre o acesso principal e o jardim maior. Esse segundo jardim foi criado estrategicamente para incorporar uma enorme mangueira existente no local. Nos demais níveis, uma série de espaços coletivos vão se sucedendo junto às circulações: áreas de convivência, de leitura e de atividades diversas. No fim da rampa, áreas livres e descobertas ocupam a cobertura do bloco posterior.

 

Pode-se dizer que a rampa é um rodamoinho que liga diversos momentos do aprendizado, como uma espiral do saber.

 

áreas

 

inferior: 275,54m²

térreo e 1º intermediário: 537,77m²

1º pavimento e 2º intermediário: 537,77m²

2º pavimento e 3º intermediário: 299,40m²

casa de máquinas: 168,50m²

total construído:  1.818,98m²

 

capacidade total de alunos 371

área permeável  26,34%

 

ficha técnica

 

projeto: Trails School – unidade Leopoldina

Local: São Paulo – SP – Brasil

Autor: Erick Vicente

data: 06/2021

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