o desenho do território como promotor da moradia digna

“A cidade compacta – com empreendimentos agrupados em torno de transporte público, áreas para caminhar e andar de bicicleta – é a única forma de cidade ambientalmente sustentável. Entretanto, para um aumento da densidade populacional e para uma expansão das áreas para caminhar e pedalar, a cidade deve aumentar a quantidade e qualidade de espaços públicos agradáveis, bem planejados e, na escala do homem, sustentáveis, saudáveis, seguros e cheios de vida.”

Richard Rogers

1_ Premissas

Levantamos, para o desenvolvimento dessa proposta, três expectativas primárias, sendo:

a_ Projetar uma unidade habitacional (apartamento) que, dentro das diretrizes do programa Minha Casa Minha Vida, tivesse a melhor qualidade espacial e ambiental possível, buscando, entre outros aspectos, insolação natural para todos os ambientes provinda da “face externa” do edifício (aquela oposta à localizada voltada para as circulações coletivas) e ventilação natural cruzada;

b_ Edifícios que privilegiassem os espaços coletivos e que fossem dotados de aquecimento de água por sistema solar e armazenassem água da chuva para utilização da limpeza das áreas coletivas e rega de jardins;

c_ Generosos espaços coletivos que conectassem o conjunto à cidade e oferecessem praças e atividades aos futuros moradores.

Essas três expectativas nos levaram a entender que o grande desafio para esse projeto seria o desenho urbano. Além de comportar o maior número de unidades habitacionais possíveis e uma vaga de automóvel por unidade (logicamente respeitando todas as diretrizes urbanas legalmente vigentes), o projeto deveria privilegiar a escala humana.

2_ Leitura do território:

O território designado é composto por 3 quarteirões, que agrupam 14 lotes no total. O quarteirão localizado ao norte agrupa 4 lotes; o quarteirão localizado no centro agrupa 4 lotes; o quarteirão localizado mais ao sul agrupa 6 lotes. Duas ruas projetadas separam os quarteirões.

À oeste e à sul existem áreas residenciais consolidadas, de pouca densidade. Essa região é composta basicamente por casas com 1 ou 2 pavimentos, com praticamente todo o perímetro das quadras cercados.

À leste está previsto uma área destinada aos serviços e equipamentos públicos, que serão implantados ao longo do tempo.

À norte existe uma área de reserva ambiental destinado a um parque.

Diante dessa leitura (da ocupação do solo) podemos dizer que a área destinada à implantação dos conjuntos habitacionais é um entreposto natural entre as áreas residenciais consolidadas e as áreas de lazer e serviços.

 

Sendo assim, a proposta procura trabalhar o espaço como uma zona de transição, criando eixos estruturados de conexão urbana que, além de ligar as quatro faixas existentes e futuras da cidade (norte, sul, leste e oeste), abrigassem uma ampla área de convívio com atividades de lazer e esporte.

Pela geometria dos lotes, organizados ao longo de um eixo norte-sul, com uma fileira para cada lado, as áreas restantes dos recuos obrigatórios para as edificações (5m em todos os lados) resultam em espaços longitudinais e transversais que poderiam receber os eixos estruturados de conexão urbana.

Os conjuntos, se implantados no sentido longitudinal do território, gerariam faixas de áreas livres, sendo:

a_ duas, no sentido longitudinal, contíguas às vias públicas;

b_ uma, no sentido longitudinal, entre os recuos de fundo dos lotes;

c_ quatro, no sentido transversal, entre os recuos laterais dos lotes que fazem fronteiras entre si.

Essa situação gera três tipos de zonas: as próximas aos logradouros públicos, a de miolo e as de transposição transversal.

Assim, diante das analises, a ocupação do território resulta em 7 faixas, onde 2 abrigariam os bolsões de estacionamentos (com um total de 294 vagas) e 5 seriam destinados ao desenho dos eixos estruturadores – de transposição e de lazer e esportes.

ficha Técnica:

projeto: proposta para as unidades habitacionais coletivas – concurso de projetos

local: Sol Nascente – Brasília – DF

autores: Erick Vicente e Elisa Felca

colaboração: Débora Sanches

data: outubro de 2016

 

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